Projetado por Fabiano Ravaglia, Liebert Rodrigues, Vinícius Philot, Fernanda Marx, Tiago Mendonça e Karen Novaes, a proposta para o concurso DAF: Adaptable Futures concentra-se na expansão e na flexibilidade para criar uma nova forma de pensar a cerca da habitação social brasileira.
Baseado nas práticas desenvolvidas pelos residentes de baixa renda das habitações sociais do Rio, o objetivo da equipe é a formulação de um conjunto de estratégias que poderiam permitir e incentivar a expansão da habitação, mas de uma maneira organizada. Tira-se vantagem da estrutura existente, da implantação do conhecimento construtivo da população, o que permitirá a ampliação quando seja conveniente.
Construída no século 19, a primeira favela do Rio de Janeiro surgiu e se reproduziu como um modelo de habitações de escassos recursos para as cidades brasileiras, vigente até a atualidade. A expansão destas aglomerações urbanas informais iniciou-se nas zonas centrais próximas ao lugar de trabalho, chegando até os limites urbanos. Em meados do século 20, o governo brasileiro adotou uma politica de “limpeza” das favelas nas zonas de valor do Rio de Janeiro, movendo os residentes para novas habitações nos arredores da cidade.
Estas unidades estáticas foram construídas com o objetivo de manter seus habitantes longe dos principais centros urbanos, isolando-os. Estes edifícios estavam destinados a ser um modelo final para os problemas de moradia em todo o país, um símbolo de como as favelas poderiam ser destruídas com a habitação estratégica. No entanto, o modelo falha em todos os sentidos. As pessoas continuam construindo ampliações por conta própria: não é algo que pode ser detido pela habitação estática. É mais que um hábito, é uma necessidade cultural profundamente enraizada em suas cabeças.
CASO DE ESTUDO: PAC MANGUINHOS
A equipe concentrou-se no estudo da viabilidade da expansão de habitações sociais construídas pelo projeto PAC-Manguinhos, no Rio de Janeiro. Lançado em 2008 pelo governo federal, o programa propõe avanços do trabalho urbano para a região que inclui áreas de saúde, educação, entretenimento, transporte e habitação. As unidades de habitação de Manguinho receberam moradores das favelas próximas com a promessa de melhores condições de vida. No entanto, tiveram várias críticas sobre o tamanho das unidades e da precariedade da execução, que não demoraram muito a aparecer nos meios de comunicação. Não passou muito tempo para que os jornais bombardeassem os meios com imagens das transformações feitas à mão pelas unidades de Manguinho. Estas mutações mostram exatamente como as necessidades dos habitantes nunca foram consideradas.
Uma renovação geral levará uma série de temas, como a segurança, a outro nível, aumentando a qualidade de vida de todos. As expansões dos terraços serão utilizadas para a geração de energia limpa e para o espaço de lavanderia, concentrando funções que não podem existir nas unidades de habitação do conjunto, devido a seu pequeno tamanho. A intenção desse trabalho é reconhecer a legitimidade das intervenções das favelas habituais e propor a racionalização destas expansões em termos construtivos, assegurando aos residentes uma melhor condição de vida com respeito à iluminação e ventilação natural das ampliações realizadas.
Nossa intervenção tem como objetivo apresenta um leque de possibilidades para as expansões, e assim poder satisfazer essas necessidades que correspondem a um uso flexível do espaço, característico das favelas. Há um uso mais preciso dos materiais de construção e da mão-de-obra, e por isso um uso mais ecológico da infraestrutura da cidade – já que hoje em dia não há forma de planejar este crescimento orgânico, e ao final todo mundo paga por ele, tanto em dinheiro como na qualidade de vida. A racionalização dos custos é uma das maiores âncoras de um crescimento sustentável.